Sunday, February 19, 2006

Andando de noite
Nos arredores de minha casa
vi um fantasma...

Tentei enche-lo de socos
mas minha mão trespassava o fantasma...

Eu já tenho tantos problemas na vida
Que perdi o medo de fantasmas
que ultimamente eles nem tem me incomodado
e me deixaram de lado...

Acho que nasci mal-assombrado.

Saturday, February 11, 2006


HAMBURGUÊS

Aos mestres do bom gosto; a eles dedico minha mendicância, os eruditos, que estufam o peito e cruzam as pernas, nessas cadeiras de ferro que descascam no bar devido à chuva.
Ah! Os conhecedores, formadores de opiniões, metrifica-dores, com as suas faces de óculos astigmáticas: “oclusos”, só tenho a oferecer meu pão com miopia, meu INSS de miolos na pia.
Cultos, sabem a fórmula correta de democratizar a arte e monopolizar artistas, levantam seus pescoços, enquanto ofereço meu coração arrancado com a mão, ainda batendo, mas parando no meio pelo anseio da canção, do meu braço de violão que não se toca.
Ajeito suas gravatas, ensino-lhes oratória, indico um livro de auto-ajuda, conto uma estória de sucesso; daremos boas risadas juntos comendo lixo no boteco da esquina do fracasso.
Um grande abraço aos senhores da mala preta, aos pré-nomes, comendadores, marechais, eteceteras e tais; Izacs, Di Carmonas, Hans, sapos ou mesmo Sampaios, sentados, enfileirados ou e mesas redondas, saco de gatos, bicheiros a jato, dedico meu bicho-do-pé no meu sapato caramelo apertado, a esses doutores, que bicho vai dar hoje na fauna entre predadores?
Ao Oliveira, enfim, “elleito” chefe de Estado, tenho estado em coma numa casa de campo, mas recebi contente a notícia e mandei-lhe flores e abelhas, sem falar no meu colar da inveja que ganhei de meu avô, que seguia o padrão “American-Hollywood”, ao tratar-se da entrega de amuletos de sorte. Congratulações a dona Norma, que seguiu as regras, e foi promovida à “Leoa do ano”, ela ficou tão contente que rugiu carregada de ruge com sua carniça pendurada no pescoço, quero que ela visite minha jaula, e aplauda a forma como eu sangro a carne humana.
Por fim, felicidades aos autores da auto-ajuda, aos mestres de orifícios, nossa gente que faz-de-conta, dedico lhes uma grande festa, onde cada um que citei terá o direito de soltar bombas brancas da paz, por este ar infestado de fadas afônicas que berram em meio ao arrulho destas pombas atômicas.

Wednesday, February 08, 2006

Dia de finados
Sou da terra podre
aquela que rasga
racha o chão
terra em que uns sem-terra
outros aterram
e muito são soterrados
A incessante disputa por fendas
entre os coronéis
que empunham armas
foiçando, suando
surrando e forçando
com ferraduras nos pés
Sou do interior de um caos urbano
complexo, expresso circular
onde gente forma fila
pra ser gente em primeiro lugar
Tropeiro, terminal,
seu café Rodocenter amargo
catedral, alzira-sucuri
supiriri, sou João de Camargo
Sou soro acabando no meio da rua
fantasma assombrado
que um dia amou
eu sou o tempo que foi
"eu fui o que tu és, e tu serás o que eu sou".

Monday, February 06, 2006

SÓLIDA

Tudo é sofá entre nós dois
um nó entre nós
dois amores arrepiando
um tapete persa
A lareira tem medo
de arder em nosso fogo
champagne em nossas veias
fumamos as velas do jantar
só você e eu
que de tão sólida
adentrou meu copo
e me pediu um cigarro
para fumar na beira
pensando a madrugada
como um clube
e o copo sua piscina
todas as núpcias de uma noite
que fora costurada naquela hora
por um cupido alfaiate
e você se deleita
nos penhascos dos lençóis
e cai toda pronta
com o lado b dos seus lábios
no ponto alto de estarmos a sós.




Sunday, February 05, 2006

FERNÃO COM APELO DE GAIVOTA
um dia; hei de fazer o que
uma andorinha só não faz, vocês
VERÃO !